quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Clínica da Família Hans Jürgen Fernando Dohman : Campanha contra a dengue na Praia da Brisa

Acompanhamos um das enfermeiras e os agentes comunitários na campanha contra a dengue. A equipe visitou as casas das pessoas dando instrução de como combater os focos do mosquito. Conhecemos a comunidade e verificamos que se trata de um local bastante precário, sem saneamento básico, poucos equipamentos sociais, apenas uma escola pública, lixo em alguns locais e terrenos baldios propícios ao aparecimento do dengue.
Observei pessoas trabalhando no mesmo local que serve de esgoto para as casas das pessoas. Foi uma experiência bastante provocante, uma vez que a saúde dessas pessoas depende do saneamento básico e locais seguros para o trabalho. A população corre risco de saúde não só pelo dengue, mas por outros microorganismos nocivos que podem estar presentes naquele local. A comunidade nunca teve nenhum tipo de serviço de saúde, os locais que as pessoas recorriam eram um posto de saúde e um hospital. É difícil acreditar que existem pessoas que nunca foram ao médico ou usaram algum serviço de saúde, mas esse é o caso de muitas comunidades do Rio.
A falta de perspectiva da comunidade que nunca teve um serviço de saúde próximo, ainda mais com a estrutura da Clínica da Família, faz com que muitas pessoas fiquem desacreditadas do serviço. A clínica está em funcionamento faz três meses, e muitas pessoas ainda não foram cadastradas. Os agentes comunitários de saúde disseram que o principal problema é achar o usuário em casa e quando acham percebem pouca motivação das pessoas para fazer o cadastro no PSF. Assim comunidade aos poucos vai conhecendo a clínica e se inserindo do sistema saúde.

Conversei com uma agente comunitária e perguntei á ela quais eram os equipamentos sócias que havia na região. A resposta é que não havia nenhum, a comunidade possui apenas uma escola pública com ensino fundamental. A escola, segundo a agente comunitária é de péssima qualidade, já houve casos de abuso sexual entre os alunos e consumo de drogas no local, portanto matriculou seu filho em uma escola particular. Na comunidade não existe nenhum serviço de atendimento sócio educativo para que os pais possam trabalhar e deixar seus filhos no horário em que eles não estão na escola.
Quando andavamos pela comunidade um morador informou os ACS sobre um terreno baldio onde havia um local com grande concentração de água e sujeira .Nós fomos até o local e verificamos que existia uma "piscina" com larvas de mosquito.A ACS levou uma amostra das larvas para ser analisada na unidade de saúde.
Acredito que esse cenário onde é escassa a educação, contribui para que as pessoas não tenham perspectivas de vida, qualquer individuo que tenha uma pouco mais de ambição em relação aos estudos não terá como fazê-lo senão em outro bairro. Isso se torna mais um obstáculo na vida das pessoas. Os agentes comunitários são bastante envolvidos nas questões de saúde e fazem um grande esforço para contribuir para que a comunidade tenha uma nova visão sobre a própria saúde.


A comunidade foi convidada a participar de uma reunião sobre a dengue e como prevenir através de uma armadilha que foi ensinada pela equipe de saúde. Cerca de dez pessoas compareceram ao encontro. Este foi realizado num bar da comunidade, esse parece ser um local bastante conhecido com potencialidade para reunir pessoas e quem sabe promover saúde. A comunidade foi instruída a fazer a armadilha e foi um grande espaço de integração com a equipe de saúde.

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